quinta-feira, 6 de junho de 2013

Depoimentos

Leitura e Escrita


                  Nasci e morei na fazenda de meu avô até meus sete anos. Meu avô era juiz de paz e professor em sua cidade , Jaguaquara – Bahia. Em sua casa, na fazenda funcionava uma escola e o professor era meu avô, aprendi o alfabeto com ele, mas não a ler. Ele escrevia muito bem, tinha uma letra linda. Meu pai também foi alfabetizado por ele e estudou até o quarto ano. 
                 O que me encantava quando criança era ouvir meu pai declamar poesias sobre a história do Brasil e cordéis, mas eu não sabia ler... Viemos para São Paulo. Eu tinha medo de tudo, muito vergonhosa, fui para a escola aos oito anos, aprendi a ler com a “cartilha”, apenas decodificava. A leitura só veio mais tarde com  “ A marca de uma lagrima”, “O morro dos ventos uivantes”, “O caso da borboleta Atíria”e outros.  Durante a leitura eu viajava, sonhava, sentia medo e vontade de continuar lendo. No ensino médio li “Olhai os lírios do campo” por indicação da professora, achei maravilhoso, ao lê-lo ficava imaginando a intriga entre as personagens, a construção dos arranha-céus, assim chamava os prédios naquela época, no texto. Na graduação pude ler os clássicos Camões, Tomaz Antonio Gonzaga, Machado de Assis, José de Alencar... e criar o gosto pela leitura.
             Viajei para Ouro Preto, Minas Gerais, duas vezes e ao passar pelas ruas imaginei as cenas de namoro entre Dirceu e Marília, a casa onde ele morava, logo abaixo a casa de Marília, a ponte onde se encontravam, legal demais  a história viva. Foi uma experiência e tanto.
Em sala de aula, combinei com os alunos do sétimo ano (três turmas) ler histórias de enigmas, apresentei para eles os livros de Arthur Conan Doyle, a personagem Sherlok Holmes, foram quase dois meses entre leitura, roda de conversa e produção textual (escreveram histórias em grupos, duplas, individual). Mas acabaram lendo toda a coleção existente na biblioteca. E o melhor, me fizeram uma surpresa ao final do projeto, um grupo escreveu um livro para mim. Chorei de alegria. E ainda teve um II volume, que emoção!

              O livro tem de ser apresentado ao aluno, pode ser a capa, o título, um trecho, um capítulo... Não tenho uma receita, mas tenho de criar oportunidades de leituras.

ELIEZILDA SILVA SANTANA PEREIRA

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