Nasci e morei na fazenda de meu avô até meus sete anos. Meu
avô era juiz de paz e professor em sua cidade , Jaguaquara – Bahia. Em sua
casa, na fazenda funcionava uma escola e o professor era meu avô, aprendi o
alfabeto com ele, mas não a ler. Ele escrevia muito bem, tinha uma letra linda.
Meu pai também foi alfabetizado por ele e estudou até o quarto ano.
O que me encantava
quando criança era ouvir meu pai declamar poesias sobre a história do Brasil e
cordéis, mas eu não sabia ler... Viemos para São Paulo. Eu tinha medo de tudo,
muito vergonhosa, fui para a escola aos oito anos, aprendi a ler com a
“cartilha”, apenas decodificava. A leitura só veio mais tarde com “ A marca de uma lagrima”, “O morro dos
ventos uivantes”, “O caso da borboleta Atíria”e outros. Durante a leitura eu viajava, sonhava, sentia
medo e vontade de continuar lendo. No ensino médio li “Olhai os lírios do
campo” por indicação da professora, achei maravilhoso, ao lê-lo ficava
imaginando a intriga entre as personagens, a construção dos arranha-céus, assim
chamava os prédios naquela época, no texto. Na graduação pude ler os clássicos
Camões, Tomaz Antonio Gonzaga, Machado de Assis, José de Alencar... e criar o
gosto pela leitura.
Viajei para Ouro Preto, Minas Gerais, duas vezes e ao passar
pelas ruas imaginei as cenas de namoro entre Dirceu e Marília, a casa onde ele
morava, logo abaixo a casa de Marília, a ponte onde se encontravam, legal
demais a história viva. Foi uma
experiência e tanto.
Em sala de aula, combinei com os alunos do sétimo ano (três
turmas) ler histórias de enigmas, apresentei para eles os livros de Arthur
Conan Doyle, a personagem Sherlok Holmes, foram quase dois meses entre leitura,
roda de conversa e produção textual (escreveram histórias em grupos, duplas,
individual). Mas acabaram lendo toda a coleção existente na biblioteca. E o
melhor, me fizeram uma surpresa ao final do projeto, um grupo escreveu um livro
para mim. Chorei de alegria. E ainda teve um II volume, que emoção!
O livro tem de ser apresentado ao aluno, pode ser a capa, o
título, um trecho, um capítulo... Não tenho uma receita, mas tenho de criar
oportunidades de leituras.
ELIEZILDA SILVA SANTANA PEREIRA
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